segunda-feira, 14 de abril de 2008

Até fingir dói

"O que será: este labirinto de perguntas e resposta alguma, este insistente rugir de pássaros, este abrir as jaulas, soltar o bicho novelo que há em nós, delicado/feroz morder (deixa sangrar) o outro bicho (deixa, deixa) e toda esta parafernália a parecer truque enquanto obsidiante você mente embora acreditando nas mentiras e eu use os piores estratagemas para cobrir-me a retirada desse vicioso campo de batalha."
Olga Savary

Eles se conheceram num baile e ela estava se recuperando do término de seu noivado. Ela sentiu uma atração que há muito tempo não sentia por outro homem senão seu ex-noivo. Eles se beijaram nesse mesmo dia e ela não imaginava que seu corpo amoleceria daquela forma. Ela estava sim carente e por diversas vezes fugiu ao olhar dele, que a derrubava. Ele não poupava galanteios e nem investidas das mais diretas.
Ela só pensava agora no quanto ela deveria ter resistido.
O que eles não sabiam é que se tornariam os melhores amigos. Porque ele também havia terminado um relacionamento. Eles se apoiaram, se ajudaram e se divertiram muito juntos. Dançavam, cantavam, riam, se falavam mais de 3 vezes ao dia. Um sentia a falta do outro. Um não sabia viver sem o outro. Os amigos costumavam brincar: Vocês não se desgrudam. E eles teimavam em dizer: Somos melhores amigos. Ela me ajuda até para conhecer uma nova e futura mulher e eu também tento ajudá-la na procura por um bom homem.
Os dias se passavam e cada dia mais as pessoas notavam que eles pareciam namorados. Mas a história do beijo havia ficado pra trás.
Até que um dia, ele foi falar com ela, que uma mulher havia despertado interesse nele. Ela sentiu um aperto no peito. Lutou contra aquilo. Tentou disfarçar, disse que ficaria feliz por ele e desejou boa sorte. Mas eles se falavam ainda várias vezes por dia. Se viam quase sempre. E ele ainda não conseguia viver sem depender das opiniões dela.
Mas as conversas agora tinham um ar desmotivado dela. Ela por muitas vezes não se alegrava com as novidades que ele contava. E ela se irritava por não entender o que sentia. Ele se irritava por não saber porque ela estava tão diferente.
Foi quando ela encontrou seu amigo e sua acompanhante em uma festa. Ela sentiu como se fosse cair aos prantos. Ele reparava em sua cara. Ela viu a cena dos dois se beijarem e fugiu desesperadamente. Ela não aceitava estar apaixonada logo por ser melhor amigo. Ele a viu correr, e foi atrás dela.
Eles brigaram... discutiram muito. Ela negava tudo, ele já se irritava com seu silêncio. Ele queria o motivo que a fazera chorar.
Foi quando ela falou: Por que implica comigo e não me deixa em paz? E ele queria muito naquele momento entendê-la.
Ele respondeu: Porque quem ama, implica. E eu te amo, amiga.
Ela falou: O problema é esse. Eu também te amo.
Ele não entendeu, e perguntou de forma assustada: Ama como?
Ela não teve coragem.....disse apenas: Amo com toda a força da minha alma. Amo como meu melhor amigo.
E eles se abraçaram.
Os dias têm sido difíceis. Ele nem está mais com a nova namorada, mas ela ainda teme por sua reação.
Hoje, ela não sabe o que fazer... se confessar? Se afastar? Tentar superar o amor e preservar a amizade?
Enquanto isso, ela finge... e diz ela que dói.

Um comentário:

Anônimo disse...

Complicado, né...para os dois.
Se bem que se já chegou nesse ponto, eu iria até o fim.

Drink me

Não te interessa dizer quem sou. Talvez te interesse o que eu tenho pra dizer. As coisas que eu sei.... As coisas que eu vi. Tudo por que passei. Não me sirvo em um copo, mas me permito dar-me em doses. Doses de mim. Se apreciar, beba sem moderação. Se não gostar, me vomite. Não me importarei.